Cinco vantagens imediatas que você adquire em dar Feedback

Recentemente decidi fazer um exercício que me foi proposto no Facebook. Dar um feedback em nível individual, personalizado, para quem se interessasse em recebê-lo. Não se tratava de uma corrente, porque não obriguei e nem fui obrigado a oferecer feedback a ninguém. Eu decidi dar o feedback seguindo dois princípios: “Get some, give some” (receba algo, dê algo) e “há mais felicidade em dar do que em receber”. Além da atividade em si, eu tentei monitorar e selecionar cinco benefícios que eu obtive em nível pessoal ao executá-la.

Quando eu forneci os feedbacks, eu segui o seguinte processo mental:

  1. Premissa: Já interagi com a pessoa-alvo do feedback. No geral todos os meus amigos do Facebook já tiveram uma interação face-a-face comigo (pelo menos a maioria deles).
  2. Quais foram os resultados negativos e positivos de minha interação?
  3. Quais foram as características que causaram esses resultados? Quais as características que a pessoa tem que melhorariam esse resultado? Quais foram as características que potencializaram esses resultados positivos?
  4. Premissa: Se eu posso me aprimorar com o uso daquela característica a outra pessoa também pode.
  5. RESULTADO: Listar as características que eu posso usar para aprimoramento pessoal. Eu usei isso como filtro para que eu não tentasse listar todas as características. Isso me ajuda a otimizar o tempo na tarefa em mãos.
Diagrama do processo de feedback pelo Facebook
Diagrama do processo de feedback pelo Facebook

Benefícios adquiridos no processo

1) Se conheça melhor – Limitações e habilidades

Eu tentei tornar a tarefa a mais prazerosa possível para mim, por isso listei as características que seriam benéficas para mim a partir da análise de cada uma das pessoas com as quais eu interagi. Embora tenha sido um processo demorado, a partir do momento em que eu o iniciei para cada pessoa, me senti propenso a entrar na zona do Flow [1] . Eu gosto de escrever, então foi uma atividade de introspecção muito interessante. Me ajudou a pensar sobre minhas limitações e habilidades. Com essa informação é possível traçar um plano a ser seguido para sobrepor limitações e potencializar habilidades.

2) Saiba observar os outros – timing é importante para melhorar a atividade em tempo real

É impossível dar um bom feedback se você não foi analítico o suficiente nas interações que você teve. Nem todo mundo tem uma boa memória que permite revisitar fatos de há muito tempo com precisão. Por esse motivo, quanto mais você observar uma interação de interesse, mais preciso vai ser o feedback, mais marcado o resultado da interação vai ficar na sua mente. Se a interação não foi tão interessante mas você deseja se beneficiar dela mesmo assim, oferecer um feedback no menor tempo possível é essencial. O feedback vai gerar uma reação (geralmente) muito interessante e agradável, como comentarei no benefício número 5.

Se tornar analítico permite que você refine suas próprias ações no menor tempo possível. Em geral, feedbacks mais instantâneos são mais proveitosos para todos os envolvidos, por outro lado, saber balancear o tempo da informação é essencial para não sobrecarregar as pessoas com informações que podem eventualmente não serem assimiladas. O meu tempo de resposta foi relativamente alto pois tentei selecionar as características mais relevantes das pessoas para no fim divulgá-las a elas. Seguindo esse mesmo princípio, num projeto de gamification que estou conduzindo, revelar níveis de informações em momentos certos no tempo, justamente por analisar as métricas e comportamentos dos participantes do jogo, permitiu aumentar o nível de resposta e participação das pessoas no jogo.

A figura abaixo mostra os níveis de participação das pessoas, ao passo que os marcadores revelam momentos de feedback, dando maiores informações sobre as pessoas e suas ações no jogo.

Reações sobre os feedbacks
Reações sobre os feedbacks

Em resumo, acredito que, mesmo que um feedback dado uma pessoa não tenha métricas tão bem definidas e objetivas como um sistema ou um jogo poderiam ter, é possível imaginar os aspectos sociais e políticos que ele pode envolver. É uma boa forma de saber quem gostaria de receber seu feedback, e de saber o valor subjetivo de seu feedback, por observar o retorno que você recebe a respeito dele (benefício número 5).

3) Reflita sobre o processo – ganhe insights 

Desde o momento em que aceitei o desafio, já tinha colocado em minha que escreveria este post. Ele é um feedback abstrato sobre o processo. Ganhei alguns insights sobre como o processo de feedback deve ser no meu caso, com o objetivo de otimizá-lo e fazê-lo surtir mais resultados perceptíveis.

Algumas coisas foram percebidas no processo, quando eu o executei e que me ajudaram a entender como melhorar meus feedbacks, me deram alguns insights , como por exemplo:

  • Antes de iniciar o processo, pense o que você quer alcançar. Acredito que os itens abaixo estejam listados do mais subjetivo ao mais objetivo e mensurável. Quanto mais mensurável, mais fica a necessidade de um follow-up formal para verificar se houve melhora na métrica.
    • Interações sociais?
    • Melhora de comportamento pessoal?
    • Melhora no comportamento de outros?
    • Melhora nos resultados produzidos por si mesmo?
    • Melhora nos resultados produzidos por outros?
  • Tempo dedicado à tarefa: às vezes é fácil entrarmos na zona do flow. O tempo que você dedica à tarefa não é percebido por quem recebe o feedback. Por isso o menor tempo que você gastar para dar o feedback mais valioso é melhor para você, no ponto de vista de otimização do seu tempo. Ter um modo estruturado para dar feedback vai facilitar as próximas vezes em que você fizer isso.
  • Follow-up e tomada de decisão: eu explicitamente devo ter parado no nível de melhora do comportamento pessoal. Quero criar regularidade em algumas atividades e entender a mecânica do processo de feedback. Entender quais são as reações das pessoas sobre o retorno que elas recebem e poder documentar isso. O tempo que eu gastei culminou num post de blog. Talvez como follow-up, eu possa refazer o processo de feedback com as mesmas pessoas, talvez pontuar as características que elas possuem numa escala de 1 a 10, por exemplo, tornando o processo mais objetivo.

4) Saiba aplicar em outras áreas de sua vida – aumente seu senso de gratidão e reconhecimento

Eu comecei a notar, como consequência, que em muitos aspectos, relevamos a forma como falamos alguma coisa para alguém. Em nossa família damos feedback de um jeito, mais informal, podendo beirar até a briga. No emprego, às vezes nos refreamos de falar alguma coisa valiosa, esperamos aquele momento formal de feedback e podermos perder o ímpeto de falar sobre os resultados gerados.

Às vezes as pessoas não sabem que precisam de um feedback, e quando você fornece, isso pode fazer um bem tremendo. Usar toda oportunidade para dar um feedback, por menor que seja, pode ser muito bom para todas as partes. Uma palestra que alguém fez, uma atividade bem feita, uma roupa bonita que alguém escolheu, ou um simples “obrigado”, é um feedback que demonstra que você reconhece os esforços da pessoa e faz com que você enxergue cada vez mais situações que permitem que você fale algo apropriado no tempo certo.

5) A cada feedback um meta-feedback

O objeto principal em dar um feedback não é o de receber um retorno sobre o feedback, ou um meta-feedback, mas eles são muito bem vindos. Você sabe que seu feedback foi bem recebido quando uma pessoa te agradece ou argumenta sobre os pontos que você ressaltou, contribuindo com o seu próprio processo de feedback. Um meta-feedback pode ser dado a respeito do tom que você usou para dizer o que você pensa, sobre o que falou efetivamente, ou sobre algo que você simplesmente não esperava.

Você precisa estar pronto para reações explosivas, é claro. Filtre a emoção do feedback que você receber (seja ele um meta-feedback ou não), e pense racionalmente. Se necessário aguarde até alguns dias para responder. Aquele retorno vai fazer mais sentido e você provavelmente será beneficiado em escalas antes não imaginadas.

Como você encara o processo de feedback? Que benefícios você encontra para seu aprimoramento pessoal?

Notas

[0] Feedback – 1. Retroação das correções e regulações de um sistema de informações sobre o centro de comando do sistema; ação exercida sobre as causas de um fenômeno pelo próprio fenômeno. 2. Reação a alguma coisa. = RESPOSTA, RETORNO. http://priberam.pt/dlpo/feedback [consultado em 05-05-2016].
[1] Fluxo, Flow -> https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_(psicologia) e https://en.wikipedia.org/wiki/Flow_(psychology) 

2 thoughts on “Cinco vantagens imediatas que você adquire em dar Feedback

  1. Resumindo amar seu próximo, ou as pessoas ,por se importar com elas!

    • Concordo, Nabia! Se importar com as pessoas permite que, quando necessário, uma resposta adequada possa ser dada para elas no tempo certo 🙂
      obrigado pelo comentário!

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